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Mensagens

Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português

Meia-noite e treze minutos e eu tenho de me levantar daqui a seis horas. Já devia estar a dormir e hoje (na verdade ontem) já publiquei um artigo por isso porque raio é que estou aqui agarrado ao teclado? Porque ontem (na verdade anteontem, escrever perto da meia-noite é um caos) comecei a ler um livro e quando lhe peguei hoje (...ontem...) não o larguei enquanto não o li todo. Como um dos planos para o blog era manter uma espécie de best of dos livros que eu leio, decidi vir escrever porque este livro tem várias características peculiares. Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português, escrito por Marco Neves e editado pela Guerra e Paz é muito mais do que diz o título mas vamos começar por aí. Existem pessoas que têm uma visão muito própria da lingua portuguesa. Na verdade há pessoas assim para todas as línguas mas vamos ficar pela língua de Camões porque é principalmente sobre ela que o livro trata. Estas pessoas, por muito bem intencionadas que sejam, lidam muito mal c...
Mensagens recentes

A Reforma Europeia dos Direitos de Autor

Fiquei surpreendido por isto ainda ser um assunto. A primeira vez que ouvi falar do "artigo 13" foi sei lá há que tempos e pensava que já tinha caído, mas afinal não. Se estás a par deste assunto a única coisa que há de novo neste post é a minha visão da reforma e dos seus artigos mais perigosos. Se por outro lado não fazes ideia do que se trata, peço-te que leias e que espalhes a informação. Não sei como agir mas quando souber, direi. O que é a reforma europeia dos direitos de autor? A Internet mudou muito nos últimos anos e podemos resumir todas essas mudanças a um conceito muito simples: conteúdo gerado pelo utilizador. Este conteúdo é o que faz a Internet de hoje ser a Internet de hoje. É este texto, o teu post no Facebook, a foto no Instagram. São os teus comentários, os meus comentários aos teus. É esta interacção entre todos nós que faz da Internet a Internet de hoje. Com a explosão tecnológica dos últimos 20 anos e o conteúdo gerado pelo utilizador a Internet ...

A lenta morte da liberdade de expressão

Na China foi usada uma forma de tortura e execução particularmente doentia chamada Lingchi . Consistia em cortar pequenos pedaços de carne do torturado. O processo era lento e penoso e na Europa, embora tanto quanto sei, nunca tenha sido praticado, ganhou a alcunha da Morte dos Mil Golpes. Nos últimos meses tenho estado particularmente atento à morte dos mil golpes da liberdade de expressão. Pedacinho a pedacinho, fatia a fatia, tão lenta, tão tortuosamente lenta que mal se nota mas está a ocorrer. Está a ocorrer nos media, nas redes sociais, nas nossas conversas do dia-a-dia e nas nossas empresas sobre o véu enganador do "isso é ofensivo". Tenho três grandes preocupações e essas são a minha maior motivação para escrever este post. A liberdade de expressão é importante A liberdade de expressão é o pilar central da democracia e da cidadania. Sem liberdade de expressão não existe espaço livre para debate de ideias nem para apresentação de evidências que não corroborem...

Breve História do Movimento Anti-Vaxx

Tinha este tema na lista desde o inicio do blog. Havia um caminho que queria percorrer, primeiro explicar porque acredito no que acredito, depois falar sobre ciência e finalmente porque acredito na ciência. Só depois daria atenção a temas como a controvérsia à volta das vacinas na esperança que estas camadas de informação servissem de fundação para desmontar a irracionalidade por trás deste e de outros assuntos. Acontece que ontem um amigo meu deu a saber nas redes sociais que quando chegou ao carro encontrou um panfleto anti-vacinas no pára-brisas. A4, impresso de ambos os lados com informação que navega entre a teoria da conspiração, a ausência de cepticismo e o analfabetismo cientifico. Este panfleto, partilhado abaixo, muda tudo. Sinto que deixei de ter tempo para me dirigir a este assunto calma e metodicamente. Posso não ter feito o suficiente para uma explicação mais profunda mas sinto-me na obrigação de, no mínimo, contar a história do actual movimento anti-vacinas, na...

Mas 'tás parvo oh quê?

Há uns dias atrás um amigo meu partilhou qualquer coisa no Facebook. Essa coisa chamou-me tão pouco a atenção que nem me lembro exactamente o que foi, mas lembro-me que ele comentou "E ainda há quem acredite no António Costa!" Ontem vi uma outra partilha, de um outro amigo, com um vídeo de um pastor que socava o ar na direcção de um crente. Tal era a força divina com que o pastor esmurrava a atmosfera que o crente, a uns 2 ou 3 metros do pastor, foi projectado para trás apesar de ter quatro homens a segurá-lo. Um deles até se desequilibrou! Quer à primeira partilha, quer à segunda, liam-se comentários de estupefação ou gozo à credulidade dos ingénuos que ainda acreditam uns no António Costa, outros num pastor com poderes de banda desenhada. Este post não é sobre o António Costa ou sobre o pastor, mas sobre ser-se crédulo. Vamos jogar um jogo que eu vou chamar "Mas 'tás parvo oh quê?"... joga-se assim: para cada uma das linhas abaixo, diz "mas 'tá...

O que aprendi com o Alcorão [Textos Sagrados 1]

Esta série de posts é dedicada aos textos sagrados de diversas religiões com o único objectivo de ter uma interpretação em primeira mão. Não sou nem quero ser teólogo mas quero saber o que é que eu interpretaria destes textos sem filtros nem interpretações de outros que não eu e a minha experiência pessoal. Não está em causa a fé de ninguém mas tão somente o reconhecimento do papel central da religião na vida de biliões de seres humanos e, por consequência, na sociedade em que vivemos. Ler o Alcorão foi penoso. Pareceu-me um texto consistentemente básico com constantes mudanças de contexto, pejado de artefactos linguísticos como a mudança entre o discurso na primeira e na terceira pessoa. Interroguei-me como podia ser este texto uma das maiores obras na língua árabe e a resposta é a própria pergunta. O Alcorão é maioritariamente uma prosa poética escrita em árabe. Traduzi-lo retira-lhe o estilo e a beleza fonética e reduz muitas frases que contribuem para ambos a frases simples, ...

Eu e a tauromaquia

Até hoje tenho sido relativamente neutro em relação à questão tauromáquica. Hoje é o dia em que largo a neutralidade e tomo uma posição. Não consigo em consciência ficar sentado na cerca como dizem os ingleses. Grande parte da minha definitiva mudança de atitude de passividade e neutralidade para uma atitude actividade e tomada de posição está relacionada com a minha moral pessoal que explicarei no fim para os interessados que me aturarem até lá. Mas para já e sem demoras vou clarificar: eu sou contra as touradas e defendo que devem deixar de existir. Os motivos que me levavam à neutralidade eram simples. Embora não fosse amante das touradas, tolerava os argumentos em sua defesa. Mais fortes ou mais fracos, sobreviviam. Hoje, estão todos feridos de morte, nomeadamente... Tradição Um dos argumentos mais fracos e mais usados é o da tradição. Ora isto é uma falácia e espero que comece a tornar-se evidente a malapata que eu tenho com falácias. Dizer que algo é tradicional não é n...